terça-feira, 24 de julho de 2012

A soberania de Deus e a vontade humana

Pr. Irailton Melo de Souza
FILIPENSES 2.13
INTRODUÇÃO
Certamente um dos pontos mais críticos na compreensão da soberania de Deus é este que trata da vontade humana. É possível defender o livre-arbítrio e a soberania de Deus ao mesmo tempo? 
Compreendendo o Livre-arbítrio
A doutrina do livre-arbítrio prega que os homens têm o poder de escolher as suas ações e que toda ação resulta diretamente da vontade humana, pelo princípio da “experiência de liberdade”.
Esta doutrina tem sido largamente discutida ao longo dos anos por teólogos e filósofos, sem que se chegue a uma conclusão satisfatória.
Um dos filósofos que mais influenciaram o pensamento batista, o inglês John Locke, achava absurda a expressão “livre-arbítrio” e chamava de erro categorial atribuir liberdade à vontade humana:
“Se a vontade do homem é livre ou não? A questão em si mesma é imprópria e tão insignificante quanto perguntar se o seu sono é veloz ou se sua virtude é quadrada, porque é óbvio que as modificações do movimento não pertencem ao sono, nem as formas da figura à virtude. A liberdade é um poder pertencente apenas a quem a criou, portanto, não pode ser modificado pela vontade humana, porque essa também é apenas um poder atribuído”
(J. Locke – Ensaio sobre o Entendimento Humano, livro 2, capítulo 21, parágrafo 14)
2. Responsabilidade humana x Soberania de Deus
E a responsabilidade moral do ser humano? Por que Deus predeterminou todas as coisas não seria injusto, por exemplo, condenar Judas Iscariotes por ter traído Jesus? Não é mais coerente que o próprio Deus seja responsabilizado pela traição de Judas? Como poderemos falar de um Deus justo e amoroso que predestina uns para o bem e outros para o mal? Veja o que diz a própria Palavra de Deus em Romanos 9.13-21.
A questão aqui não é de responsabilidade humana, mas de soberania divina. Uma coisa é a minha responsabilidade em guardar todas as coisas que Jesus ordenou (Mt. 28.19-20); outra coisa é Deus ser soberano para agir da maneira como bem lhe aprouver, pelo simples fato de Ele Deus, o Criador de todas as coisas, o Todo-Poderoso.
Nossa rendição ao Deus soberano implica no abandono definitivo das nossas posturas arrogantes e presunçosas.
·Quem somos nós para discutir com Deus?
·Pode um pote de barro questionar quem o fez?
·Quem fez o pote não pode usá-lo como bem entender?
Tenho chegado à conclusão de que o nosso problema com a soberania de Deus é, sobretudo, um problema de orgulho e presunção. A voz da serpente ainda sussurra em nossos ouvidos dizendo: “vocês serão como Deus... vocês serão como Deus...”.
Galen Strawson, filósofo do nosso tempo, em vista do problema do regresso aos atos da vontade, defendeu que a responsabilidade moral do homem é impossível; o que condiz com a explicação bíblica de Romanos 3.10-18.
3. Soberania de Deus x Vontade humana
Em Filipenses 2.13 a Bíblia nos diz que Deus é quem efetua em nós tanto o querer quanto o realizar, segundo a sua boa vontade.
Se definirmos vontade humana como sendo a capacidade que temos de escolher e considerarmos que todas as nossas escolhas sofrem a influência de algo que a determine, visto que não escolhemos a partir do que não existe, mas tão somente a partir de algo pré-existente, logo não faz sentido tratarmos a vontade humana como sendo soberana; porquanto soberania fala da supremacia do poder, de onipotência. Portanto de um atributo exclusivo de Deus (1Crônicas 29.11).
4. A Escravidão da Vontade Humana
A.W Pink diz que “qualquer tratado que se ponha a falar sobre a vontade humana, sua natureza e funções, tem que abordar a questão de acordo com três homens diferentes:
·Adão, antes da queda,
·O homem pecador, depois de Adão, e
·O Senhor Jesus Cristo
Adão: Antes da queda, Adão era livre tanto para fazer o bem, quanto para fazer o mal. Mas não era livre por sua própria vontade, mas pela vontade de Deus. Foi Deus quem decidiu torná-lo livre; livre, mas não irresponsável. Deus lhe atribuíra responsabilidades, determinando as conseqüências da irresponsabilidade (Gênesis 2.15-20). Não confunda livre-arbítrio com responsabilidade moral. Deus não iria constituir uma vontade superior à Sua, como também não iria criar um ser que não se submetesse às suas determinações.
O Pecador depois de Adão: Sua situação é bem diferente, porque ele já nasce com um coração desesperadamente corrupto (Jeremias 17.9), que lhe tendencia, que o predispõe para o mal. A vontade do pecador está escravizada ao pecado, assim como a do porco está condicionada à lama. O pecador nunca é forçado a pecar, pois peca naturalmente.
Jesus Cristo: Não podia pecar, porque não havia sido pelo esperma humano, e sim pelo poder de Deus, para um propósito divino determinado desde o Éden (Romanos 5.14,15).
A Confissão de Fé dos Batistas da Filadélfia declara que “O homem, por sua queda no estado de pecado, perdeu totalmente qualquer capacidade da vontade, no tocante a qualquer bem espiritual que acompanha a salvação. Por conseguinte, o homem natural, inteiramente hostil ao bem e morto no seu pecado, não pode, por suas próprias forças, converte-se ou preparar-se para tanto”.
Em Efésios 2:8 a Bíblia declara: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;   não vem de obras, para que ninguém se orgulhe...”.
Conclusão:
Se Deus age inclusive sobre a vontade humana, o que nos resta? A resposta não poderia ser outra: render-nos completamente à Sua vontade, nos termos de Romanos 12.1-2:
“Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele”.
RENDA-SE!

3 comentários:

  1. A Soberania de Deus não significa que ele manipule a nossa vida, ele não se meta nos nossos atos, a não ser que nós peçamos essa intervenção.

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  2. Amigo a soberania de Deus está além de nossas vontades e do nosso querer, acho que você se deixou se perder na palavra e esta ficando meio cético, morto como a palavra diz que a letra mata, e nem me vem falar que se tratava da lei, sei disso e quando focamos mais na letra, (Palavra) acabamos ficando céticos, e desacreditamos em muitas coisas que são espirituais. Entregue seu caminho ao Senhor, confia nEle e o mais ele fará, não morra espiritualmente. Espero poder continuar te ajudando.

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    1. Concordo com voce, em genero numero e gral, não sou cético só não aceito algumas pessoas que usam a soberania de Deus para não fazer algo por alguem, para não sair do comodismo ou pior para responder algo que não se sabe a resposta.
      Soberania de Deus não é argumento para que as pessoas fiquem no comodismo.

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