Pr. Irailton Melo de Souza
FILIPENSES 2.13
INTRODUÇÃO
Certamente
um dos pontos mais críticos na compreensão da soberania de Deus é este
que trata da vontade humana. É possível defender o livre-arbítrio e a
soberania de Deus ao mesmo tempo?
Compreendendo o Livre-arbítrio
A
doutrina do livre-arbítrio prega que os homens têm o poder de escolher
as suas ações e que toda ação resulta diretamente da vontade humana,
pelo princípio da “experiência de liberdade”.
Esta doutrina tem
sido largamente discutida ao longo dos anos por teólogos e filósofos,
sem que se chegue a uma conclusão satisfatória.
Um dos filósofos
que mais influenciaram o pensamento batista, o inglês John Locke, achava
absurda a expressão “livre-arbítrio” e chamava de erro categorial
atribuir liberdade à vontade humana:
“Se a vontade do homem é
livre ou não? A questão em si mesma é imprópria e tão insignificante
quanto perguntar se o seu sono é veloz ou se sua virtude é quadrada,
porque é óbvio que as modificações do movimento não pertencem ao sono,
nem as formas da figura à virtude. A liberdade é um poder pertencente
apenas a quem a criou, portanto, não pode ser modificado pela vontade
humana, porque essa também é apenas um poder atribuído”
(J. Locke – Ensaio sobre o Entendimento Humano, livro 2, capítulo 21, parágrafo 14)
2. Responsabilidade humana x Soberania de Deus
E
a responsabilidade moral do ser humano? Por que Deus predeterminou
todas as coisas não seria injusto, por exemplo, condenar Judas
Iscariotes por ter traído Jesus? Não é mais coerente que o próprio Deus
seja responsabilizado pela traição de Judas? Como poderemos falar de um
Deus justo e amoroso que predestina uns para o bem e outros para o mal?
Veja o que diz a própria Palavra de Deus em Romanos 9.13-21.
A
questão aqui não é de responsabilidade humana, mas de soberania divina.
Uma coisa é a minha responsabilidade em guardar todas as coisas que
Jesus ordenou (Mt. 28.19-20); outra coisa é Deus ser soberano para agir
da maneira como bem lhe aprouver, pelo simples fato de Ele Deus, o
Criador de todas as coisas, o Todo-Poderoso.
Nossa rendição ao Deus soberano implica no abandono definitivo das nossas posturas arrogantes e presunçosas.
·Quem somos nós para discutir com Deus?
·Pode um pote de barro questionar quem o fez?
·Quem fez o pote não pode usá-lo como bem entender?
Tenho
chegado à conclusão de que o nosso problema com a soberania de Deus é,
sobretudo, um problema de orgulho e presunção. A voz da serpente ainda
sussurra em nossos ouvidos dizendo: “vocês serão como Deus... vocês
serão como Deus...”.
Galen Strawson, filósofo do nosso tempo, em
vista do problema do regresso aos atos da vontade, defendeu que a
responsabilidade moral do homem é impossível; o que condiz com a
explicação bíblica de Romanos 3.10-18.
3. Soberania de Deus x Vontade humana
Em Filipenses 2.13 a Bíblia nos diz que Deus é quem efetua em nós tanto o querer quanto o realizar, segundo a sua boa vontade.
Se
definirmos vontade humana como sendo a capacidade que temos de escolher
e considerarmos que todas as nossas escolhas sofrem a influência de
algo que a determine, visto que não escolhemos a partir do que não
existe, mas tão somente a partir de algo pré-existente, logo não faz
sentido tratarmos a vontade humana como sendo soberana; porquanto
soberania fala da supremacia do poder, de onipotência. Portanto de um
atributo exclusivo de Deus (1Crônicas 29.11).
4. A Escravidão da Vontade Humana
A.W
Pink diz que “qualquer tratado que se ponha a falar sobre a vontade
humana, sua natureza e funções, tem que abordar a questão de acordo com
três homens diferentes:
·Adão, antes da queda,
·O homem pecador, depois de Adão, e
·O Senhor Jesus Cristo
Adão:
Antes da queda, Adão era livre tanto para fazer o bem, quanto para
fazer o mal. Mas não era livre por sua própria vontade, mas pela vontade
de Deus. Foi Deus quem decidiu torná-lo livre; livre, mas não
irresponsável. Deus lhe atribuíra responsabilidades, determinando as
conseqüências da irresponsabilidade (Gênesis 2.15-20). Não confunda
livre-arbítrio com responsabilidade moral. Deus não iria constituir uma
vontade superior à Sua, como também não iria criar um ser que não se
submetesse às suas determinações.
O Pecador depois de Adão: Sua
situação é bem diferente, porque ele já nasce com um coração
desesperadamente corrupto (Jeremias 17.9), que lhe tendencia, que o
predispõe para o mal. A vontade do pecador está escravizada ao pecado,
assim como a do porco está condicionada à lama. O pecador nunca é
forçado a pecar, pois peca naturalmente.
Jesus Cristo: Não podia
pecar, porque não havia sido pelo esperma humano, e sim pelo poder de
Deus, para um propósito divino determinado desde o Éden (Romanos
5.14,15).
A Confissão de Fé dos Batistas da Filadélfia declara que
“O homem, por sua queda no estado de pecado, perdeu totalmente qualquer
capacidade da vontade, no tocante a qualquer bem espiritual que
acompanha a salvação. Por conseguinte, o homem natural, inteiramente
hostil ao bem e morto no seu pecado, não pode, por suas próprias forças,
converte-se ou preparar-se para tanto”.
Em Efésios 2:8 a Bíblia
declara: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem
de vós; é dom de Deus; não vem de obras, para que ninguém se
orgulhe...”.
Conclusão:
Se Deus age
inclusive sobre a vontade humana, o que nos resta? A resposta não
poderia ser outra: render-nos completamente à Sua vontade, nos termos de
Romanos 12.1-2:
“Portanto, meus irmãos, por causa da grande
misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus
como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta
é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. Não vivam como
vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por
meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a
vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele”.
RENDA-SE!
A Soberania de Deus não significa que ele manipule a nossa vida, ele não se meta nos nossos atos, a não ser que nós peçamos essa intervenção.
ResponderExcluirAmigo a soberania de Deus está além de nossas vontades e do nosso querer, acho que você se deixou se perder na palavra e esta ficando meio cético, morto como a palavra diz que a letra mata, e nem me vem falar que se tratava da lei, sei disso e quando focamos mais na letra, (Palavra) acabamos ficando céticos, e desacreditamos em muitas coisas que são espirituais. Entregue seu caminho ao Senhor, confia nEle e o mais ele fará, não morra espiritualmente. Espero poder continuar te ajudando.
ResponderExcluirConcordo com voce, em genero numero e gral, não sou cético só não aceito algumas pessoas que usam a soberania de Deus para não fazer algo por alguem, para não sair do comodismo ou pior para responder algo que não se sabe a resposta.
ExcluirSoberania de Deus não é argumento para que as pessoas fiquem no comodismo.