segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sim, teologia da esperança, apesar dos meteóros...




Rev. Marcelo Lemos

Eu já imaginava que despertaria criticas quando escrevi o artigo “No horizonte, meteóros e uma grande tribulação...”, afinal, aproveitei para alfinetar aquela que talvez seja a visão escatológica mais popular em nossos dias. Mas, algumas surpresas sempre surgem pelo caminho, e eu ainda não perdi a capacidade de surpreender-me com algumas críticas.

Por exemplo, como eu defendo algo que chamo de “Teologia da Esperança”, ou de “Escatologia da Esperança”, alguém fez questão de me lembrar que já critiquei o pastor-herege Ricardo Gondim por ensinar uma versão marxista da “Teologia da Esperança”, baseada na Utopia de Moltmann. Como se eu tivesse mudado de lado. Ou então, estivesse sendo contraditório. O problema é que a “Esperança” do herege Gondim não é a mesma “Esperança” que eu tenho, e que a Igreja tem. Um leitor atento perceberia isso, mas não o meu critico. Observem, no artigo no qual critico a heresia de Gondim, escrevi: Caro Gondim, ter esperança no homem não é ter esperança, é antes desesperança. E não tentem me iludir sobre isso. A verdadeira Teologia da Esperança, e sua Escatologia, também acreditam no Reino de Deus aqui e agora, e militam numa Igreja messiânica, agente de Deus no mundo; porém, não edifica seu castelo sobre uma Utopia, mas na Rocha, que é Cristo”[Ricardo Gondim e a escatologia da esperança]. O analista esqueceu de ler essa parte? É o que parece.

A 'minha' Teologia da Esperança nada mais é que o Pós-Milenismo, ou Dominismo, como prefem alguns. Para desespero de muitos outros, especialmente dos laicistas, a chamaria ainda de Teonomia... Trata-se de uma esperança na vitória do Evangelho, que converterá as nações a Cristo (o que já aconteceu algumas vezes, aliás), tornando visivel o Reino de Cristo. Não tem a ver com política, luta de classes, marxismo, liberalismo teológico... Tem a ver com evangelismo, conversão e avivamento. Mesmo os Teonomistas fazem questão de afirmar que tal conversão não se dará por medidas políticas, mas pelo agir livre e soberando do Espírito Santo.

Tentar analisar a 'minha' Esperança tomando por base a 'esperança' de Ricardo Gondim, é coisa temerária.

Outro analista me acusou de negar a Volta de Cristo, uma vez que, segundo sua interpretação, minha escatológica transforma a Segunda Vinda em “apenas um mito com função de manter os cristãos [sob controle]”, e ainda faz da Ceia do Senhor coisa “vazia, longinqua, quase um negócio de marketing político... só pra manter a motivação”. Felizmente, esse crítico não sabe do que fala, e desconhece completamente a Escatógia Reformada, e a minha teológia pessoal, inclusive. Felizmente, ele leu grego e entendeu hindu, mas faltou-lhe o dom de interpretação de línguas...
Eu convido esse irmão em Cristo, e qualquer outro, a vir cultuar conosco na Comunidade Anglicana Carisma, em São Paulo – nosso site aqui -, e recitar conosco a fé cristã expressa no Credo Apostólico, que assim oramos:

“Creio em Deus Pai, Todo Poderoso, criador dos céus e da terra;

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucifiado, morto e sepultado; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Ceu; está assentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Católica; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpor; na vida eterna. Amém”.

Mas, acreditar que a Igreja podera reviver Calcedônia é, para alguns, ao que parece, sinônimo de negar a Vinda de Cristo! Qual a lógica de tal conclusão? Em que momento esperar um grande avivamento espiritual sobre a humanidade implica na negação do Segundo Advento?


Além disso, ao contrário do que diz o comentarista, a nossa Ceia não é mera peça de propaganda. Na verdade, como sou reformado, a Ceia do Senhor não é apenas um “simbolo” (como a maioria dos dispensacionalistas entende), mas também um Sacramento, um meio da Graça. E não apenas isso, a Liturgia da Igreja é, como escrevi em Atos Proféticos e Feitiçaria Gospel“uma atencipação escatológica”, e não uma mera reunião social de crentes. No culto, nós vivemos hoje a liturgia que celebraremos na Eternidade. O culto celestial é o nosso modelo, por isso nossa Liturgia é bem mais rica que a encotrada na Liturgia da maioria das comunidades evangelicais. Mas, o critício não sabe disso, e nem imagina isso, pois para ele eu cometo a “heresia” de esperar um grande avivamento sobre o mundo...

Tenho esperança. E você?

Bem, para começar é preciso esclarecer um ponto: não me refiro a Esperança final da Igreja. Apenas hereges como Ricardo Gondim questionam essa Esperança. Minha pergunta se refere a expectativa por um tempo onde Cristo será, pelo Espírito Santo, entronizado no coração dos homens, trazendo sobre o mundo transformações políticas, econômicas e morais. Parece que essa é a terrível “heresia” da qual estou sendo acusado!

a) Nós, Pós-milenistas, ensinamos que através do Evangelho, a pregação da Palavra influênciará toda a humanidade, trazendo coversão e avivamento mundial. Quando isso acontece em uma cidade, um Estado, um País, ou um continente, o resultado natural é maior paz, prosperidade e até mesmo saúde... Isso, caros irmãos, é considerado heresia? Interessante observar que muitos cristãos esperam muitas dessas coisas, mas confiam que podem tê-las através do voto, por exemplo. O “deus” do mundo moderno é o Estado, o meu é exclusivamente Cristo! Todo e qualquer bem sempre virá unicamente através de Cristo.

b) Nós, Pós-milenistas, negamos, por conseguinte, que o mundo possa ser transformado por reengenharia social como pretendiam os marxistas ontem, e é desejado pelos “planejadores” de hoje, ou socialistas, dentre outros. Acreditamos, contudo, que sociedade pode ser transformada se o Espírito trouxer sobre ela avivamento, e isso fará do Cristianismo não apenas a religião mais popular, mas uma fé efetivamente vivida! Isso, caros irmãos, é considerado heresia?

Sim, tenho esperança. E posso explicar!

Admito que quando eu era dispensacionalista cultivava uma visão bem pessimista a respeito do futuro da Igreja no mundo. Tudo iria de mal a pior, e restava-nos apenas esperar o “grande sequestro” (rapto) que nos livraria de destino tão deprimente. Como explicar minha mudança de opinião?

Basicamente, compreendi como é a descrição bíblia a respeito da instauração do Reino de Cristo no mundo. Vamos a algumas passagens bíblicas, e depois comento.

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Principe da Paz. Do aumento do seu governo e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o estabelecer e fortificar em retidão e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor o fará isso” (Isaías 9.5,6).

“Propôs-lhes uma parábola, dizendo: O Reino dos Céus é semelhante a uma grão de mostarda que um homem tomou, e semeou em seu campo; o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos... o Reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado” (S. Mateus 13. 31-33).

Esses textos mudaram minha compreensão da vinda do Reino. Eu o tinha como um evento catastrófico: Cristo vindo nas nuvens dos céus, num evento cósmico, com terremotos e trovoadas, para inaugurar seu reinado de mil anos... Contudo, essas passagem me falam de algo muito mais modesto, no entanto, incrivelmente mais poderoso: um menino, uma semente, e uma pitada de fermento. O Reino nos é apresentado como um processo histórico, de crescimento contínuo, as vezes lento e impercepitivel, porém inevitável.

“.. um menino nos nasceu... o governo está sobre seus ombros... do aumento do seu governo e da paz não haverá fim...” “... um grão de mostarda... a menor de todas as sementes; mas depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham em seus ramos”. É a isso que chamos de “Escatologia da Esperança”. Temos fé que veremos as “aves do céu” se aninhando nas verdes folhas do Evangelho!

Oh, gloriosa esperança! A verdadeira religião tocará o mundo inteiro, “desde o nascente até o poente” (Malaquias 1.11). Como é dito no Salmo 22.27, “todos os confins” da terra se renderão ao Senhor, e então “a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Isaías 1.9), e por mais que isso possa chocar até os cristãos de nossos dias, será a Lei do Senhor que instruirá os povos e as nações, segundo a profecia de Isaías 2.2-4. Quão gloriosa a declaração do de Hebreus 10.12-13 sobre esses eventos: “Mas, este, havendo oferecido para sempre um único sacrificio pelos pecados, está assentado à destra de Deus, daqui em diante esperando até que seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés”! Aleluia! Maranata! Vem Senhor Jesus!

Não espero que todos aceitem o que digo, ou que abandonem as ilusões cinematográficas quando ao “fim do mundo” e o “amargedom”. Mas, acho que este texto servirá para responder as acusações infundadas contra a escatólogia reformada... E quem sabe, possa ajudar aqueles que estão nessa etapa de sua jornada teológica, a Escatologia. Ter esperança aqui e agora em nada afeta nossa crença da fé cristã: Cristo virá outra vez aqui!


Rev. Marcelo Lemos, Comunidade Anglicana Carisma, e blog Olhar Reformado.

3 comentários:

  1. Vei deixa eu te perguntar algo: Tu é católico é? Essa igreja apesar de se dizer evangélica é totalmente voltada ao catolicismo. Você sabia disso? Ela tem dois segmentos e um é pura maquiação? Você é de lá? Onde você congrega?

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  2. Não existem muitas igrejas dentro da Comunhão anglicana que se intitulam Anglo católicas, ou seja são católicas porém fora de Roma mas a Igreja Anglicana Reformada é talvez a igreja que mais se aproxima das idéias dos nossos reformadores, se vc estudar os seus documentos voce verá que ela defende as idéias da reforma, sua principal diferença com relação as igrejas evangelicas seria a roupa( Lembrando que a camisa clerical foi criada por pastores e imitada pelos católicos) e claro o fato de ser uma igreja tradicional sem cai cai e sem outras coisas que nós bem conhecemos.

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  3. Há eu estou sem igreja por enquanto, estou a procura de uma igreja.
    se quiser conversar meu email é ministro.virtual@gmail.com, será um prazer falar contigo.

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